CORREIO SATURNINO

Roberto Saturnino Braga                                                                                 Artigo nº 483/2018

 

MILITARISMO  DE  VOLTA

 

 

          A maioria dos brasileiros, descrente da Política e saudosa da Ordem, preferiu trazer de volta o Governo Militar. Não há o que fazer senão acatar a vontade popular. Temos compromisso profundo com a Democracia e nenhuma competência para o Golpe.

 

         Existe, sim, uma certa dificuldade  na compatibilização  dos militares com  a política. É que os militares constituem o grupo, profissional mais coeso e relativamente apartado, ou menos infiltrado na população dos “paisanos”.

 

           Acresce a esta circunstância o fato de que nossos patrões do Norte foram muito eficientes (eles são eficientes) em ganhar um apoio quase incondicional dos nossos militares nas últimas décadas. A pregação anticomunista dominou de tal maneira a mente militar que hoje é muito difícil, senão impossível, encontrar coronéis ou generais nacionalistas como no passado. Eu fui contemporâneo, na política,  do General Ernesto Geisel; convivi mais com o General Euler Bentes, com os coronéis Raposo e Dickson;  e mesmo com o General Hugo Abreu. Não eram obviamente socialistas como eu mas eram profundamente nacionalistas, plenamente conscientes das interferências imperialistas, sufocadoras da nossa soberania e negativas para o nosso desenvolvimento.

 

         Receio que esta consciência nacionalista e essas lideranças tão importantes não existam mais entre os militares de hoje.

 

        O Presidente eleito é militar de formação mas conviveu muito tempo com a política,  e nesta convivência pode ter recebido informações valiosas sobre a força do imperialismo. Não revelou, porém, nada disso na campanha e, ao que parece, segundo informações publicadas, teve entendimentos e orientações de setores do governo norteamericano para sua eleição.

 

        Eis minha grande e funda preocupação. Ademais da relativa desimportância com que tratou o problema mais grave da nossa sociedade, que é a enorme desigualdade entre os cidadãos brasileiros.

 

      Não vou, entretanto, prejulgar. Vou, sim, observar. O discurso da vitória foi bom. Jurou pela Democracia e revelou uma consciência de que sabe que é, a partir de janeiro, o Presidente de todos os Brasileiros.

 

          A campanha acabou; o capítulo está encerrado.

  

 

Roberto Saturnino Braga

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